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Pacientes incautos

Dr. Pedro Franco
Nesta época do
politicamente correto se tenha cuidado com adjetivos e também com
substantivos. Duas explicações, que julgo necessárias. Não vou me reportar a
qualquer dos medicamentos milagrosos, recitados em alguns sites e coloco
incautos apenas sem ofensa, porque entendo irem a soluções não preconizadas
pela Ciência. E o paciente, ou parente de paciente, depara-se com
enfermidades tristes, debilitantes e para exemplos Alzheimer e cegueira. A
Medicina medica, só que não cura e sabe que não cura e mesmo nas entrelinhas
avisa que pode contemporizar, talvez estabilizar, curar nunca. E pacientes e
familiares passam a viver de forma diferente e nem preciso expor os males
que enfermidades graves e que permitem longa vida, acarretam. Está cego, mas
vive. Vive sem ver. Oh tristeza. Nestas ocorrências e várias causas podem
levar à cegueira, aparece um remédio salvador, ainda que não aceito pela
Ciência, pela Medicina. E o marketing dos citados medicamentos milagrosos
tem concepção similar. O “script” tem variações, ainda que discretas.
Alguém, muitas vezes um amoroso familiar, e os atores nada têm de canastrões,
não se conforma com a enfermidade do parente e sai a pesquisar. Há nebuloso
trabalho em universidade pouco conhecida. Partem daquela “pesquisa” e
aparece professor de nome bem estrangeiro, sempre de cabelos brancos e com
decantada modéstia, mostra que é um gênio e descobriu a cura e aí todos os
programas se nivelam, ao arrasar a indústria farmacêutica, que não produz
sua brilhante descoberta, porque, em sua desmesurada ganância, perderia a
venda dos ditos paliativos que produz. Nego-me a discutir os benefícios que
os medicamentos, criados em pesquisas pela referida indústria, trazem-nos
todos os dias. Aí de nós se não fosse a incessante pesquisa dos laboratórios
farmacêuticos. Sendo comandados por homens, cometem erros, alguns
deploráveis, só que no computo geral são benéficos e como! Volto ao remédio
milagroso, com propaganda via canais da internet. Bem feitos, comunicativos,
só que dão falsas esperanças e tratamentos são interrompidos, para o uso da
panaceia. Se não aceito a empulhação, entendo que incautos, perante o
desespero, agarrem-se àquela tábua, que parece ser a tábua da cura. Que
aconselho? Levem a brilhante pesquisa ao seu médico de confiança. Se não o
tem, lamento. Um último tópico, se o remédio funcionasse, um laboratório o
produziria e rios de dólares cairiam em seus cofres. Agora, há que aceitar,
como arte cinematográfica de ficção podiam concorrer ao Tio Oscar. Cuidado,
Ciência é Ciência e contrariar seus ditames é dar capim à bicicleta.
Pedro Franco é médico cardiologista
RJ pdaf35@gmail.com
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Direção e Editoria
Irene Serra
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