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Gastronomia em volta ao mundo
Paraguai, Bolívia, etc.

SOPA PARAGUAYA
Ângelo Pignataro
Em casa de uma amiga daqui
de Minas, fomos fazer bolinhos de milho verde, ótimo tira-gosto muito comum na
minha família. Pela semelhança da receita, ela me falou da sopa paraguaia. Eu
nunca havia ouvido falar nela até então. Trata-se de um bolo, quase um suflê,
muito comum na Bolívia, Paraguai e em outros países sul-americanos e também no
Brasil, principalmente em Goiás, servido em ocasiões festivas acompanhando uma
parrilla, por exemplo. Consultando meus livros de culinária encontrei no Lo que
se come en Bolivia - de Luis Tellez Herrero* e no A Saga da Comida – Receitas e
Histórias, de Gabriel Bolaffi.** A seguir a receita do Bolaffi:
Para 12
porções: 3 cebolas grandes picadas; 6 xícaras de farinha de milho (fubá); 4
ovos; 350g de queijo-minas picado; 1 xícara de leite; 1 colher de sopa de
açúcar; ¾ de xícara de margarina; 3 xícaras de água; sal a gosto; pimenta
malagueta a gosto (opcional).
Nas 3 xícaras de água cozinhe as cebolas
picadas por 10 minutos, reserve e deixe esfriar. Bata a margarina com os ovos e
o queijo usando uma batedeira ou processador e no final incorpore a cebola e sua
água de cozimento. Junte então a farinha de milho e o leite. Leve ao forno a 180
graus por 1 hora em um tabuleiro untado com margarina e enfarinhado. Estando
assado, corado e frio, corte em retângulos e sirva (texto resumido do original).
No início do texto eu disse se tratar de um bolo: vale lembrar que a palavra
sopa deriva do germânico arcaico suppa “pedaço de pão embebido em um líquido”.
Resultou em nossa língua portuguesa o verbo ensopar além de sopa, é claro. Os
franceses usam duas palavras distintas para esse tipo de preparação – soupe e
potage. Por exemplo, a Soupe l’oignon é em caldo feito com manteiga e cebolas,
servido sobre uma fatia de pão e gratinado com queijo. Potage, que é a nossa
sopa, é um caldo onde é cozido carnes, legumes, massas, com o que você quiser.
Acredito que a sopa existe desde quando a humanidade inventou a cerâmica e fez
um pote. É, sem dúvida, junto com o moqueado nas fogueiras, a preparação de
alimentos mais antiga, um alimento pré-histórico. Para o bolinho use um
milho verde mais maduro que, depois de retirado do sabugo, é batido no
liquidificador com cebola, sal, ovos e um pouco de fubá de milho para dar liga
caso o milho seja muito tenro. Apimente e frite às colheradas em óleo quente. É
divino.
*LUIS TELLES HERRERO - Lo que se come en Bolivia– Imprenta Sanabria –
La Paz – 1946 ** GABRIEL BOLAFFI – A Saga da Comida – Rio de Janeiro – Record
– 2000
Ângelo Pignataro, designer e especializado em Museologia, é um dos
fundadores do Festival Gastronômico de Tiradentes. BH-MG
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Direção e Editoria
Irene Serra
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