01/06/2022
Ano 25
Semana 1.274







Gastronomia em volta ao mundo

Paraguai, Bolívia, etc.


SOPA PARAGUAYA  

 

Ângelo Pignataro


Em casa de uma amiga daqui de Minas, fomos fazer bolinhos de milho verde, ótimo tira-gosto muito comum na minha família. Pela semelhança da receita, ela me falou da sopa paraguaia. Eu nunca havia ouvido falar nela até então. Trata-se de um bolo, quase um suflê, muito comum na Bolívia, Paraguai e em outros países sul-americanos e também no Brasil, principalmente em Goiás, servido em ocasiões festivas acompanhando uma parrilla, por exemplo. Consultando meus livros de culinária encontrei no Lo que se come en Bolivia - de Luis Tellez Herrero* e no A Saga da Comida – Receitas e Histórias, de Gabriel Bolaffi.** A seguir a receita do Bolaffi:

Para 12 porções: 3 cebolas grandes picadas; 6 xícaras de farinha de milho (fubá); 4 ovos; 350g de queijo-minas picado; 1 xícara de leite; 1 colher de sopa de açúcar; ¾ de xícara de margarina; 3 xícaras de água; sal a gosto; pimenta malagueta a gosto (opcional).

Nas 3 xícaras de água cozinhe as cebolas picadas por 10 minutos, reserve e deixe esfriar. Bata a margarina com os ovos e o queijo usando uma batedeira ou processador e no final incorpore a cebola e sua água de cozimento. Junte então a farinha de milho e o leite. Leve ao forno a 180 graus por 1 hora em um tabuleiro untado com margarina e enfarinhado. Estando assado, corado e frio, corte em retângulos e sirva (texto resumido do original).

No início do texto eu disse se tratar de um bolo: vale lembrar que a palavra sopa deriva do germânico arcaico suppa “pedaço de pão embebido em um líquido”. Resultou em nossa língua portuguesa o verbo ensopar além de sopa, é claro. Os franceses usam duas palavras distintas para esse tipo de preparação – soupe e potage. Por exemplo, a Soupe l’oignon é em caldo feito com manteiga e cebolas, servido sobre uma fatia de pão e gratinado com queijo. Potage, que é a nossa sopa, é um caldo onde é cozido carnes, legumes, massas, com o que você quiser. Acredito que a sopa existe desde quando a humanidade inventou a cerâmica e fez um pote. É, sem dúvida, junto com o moqueado nas fogueiras, a preparação de alimentos mais antiga, um alimento pré-histórico.

Para o bolinho use um milho verde mais maduro que, depois de retirado do sabugo, é batido no liquidificador com cebola, sal, ovos e um pouco de fubá de milho para dar liga caso o milho seja muito tenro. Apimente e frite às colheradas em óleo quente. É divino.

*LUIS TELLES HERRERO - Lo que se come en Bolivia– Imprenta Sanabria – La Paz – 1946
** GABRIEL BOLAFFI – A Saga da Comida – Rio de Janeiro – Record – 2000

 


 

Ângelo Pignataro, designer e especializado em Museologia,
é um dos fundadores do Festival Gastronômico de Tiradentes.
BH-MG

 


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Direção e Editoria
Irene Serra