01/04/2022
Ano 25
Semana 1.266







Jack Daniel's Tennessee Whiskey





Jack Daniel - Um homem pequeno com um grande sonho

Para Mr. Jack Daniel, fazer whiskey era uma vocação que começou cedo, aos sete anos de idade, quando foi morar com Dan Call um pastor leigo que operava uma pequena destilaria. Jack era aprendiz do Nearest Green, o mestre destilador do Call, e aprendeu a arte de fazer e sazonar whiskey. Em 1859, uma senhora que pregava moderação, conhecida como Lady Love (Senhora Amor) convenceu Call a escolher entre levar uma vida religiosa e fazer whiskey. Foi então que Dan vendeu a destilaria para Jack. Para um garoto de 13 anos, Jack tinha um ótimo senso de negócios e logo começou, com a ajuda de seu primo Button, a distribuir whiskey às carroçadas até o Alabama, onde eles vendiam a bebida aos garotos que lutavam na guerra entre os estados (The War Between the States).

Quando vislumbrava algo bom ele tinha um jeito próprio de desenvolver aquilo. Assim foi com o sazonamento a carvão e com a mudança para o Vale de Cave Spring. Outros antes dele já tinham descoberto a água fresca e sem ferro que subia nas cavernas de calcário, ideal para se fazer um bom whiskey. Ele apreciava tanto o caráter único da nascente ao ponto de adquirir um título de propriedade do vale. Mudou-se para lá mais ou menos na mesma época em que o governo americano começou a taxar os produtores de whiskey. Rapidamente registrou a sua destilaria em 1866, fazendo com que ela se tornasse a destilaria registrada mais antiga dos Estados Unidos.

Jack Daniel foi, em vários aspectos, um homem que se fez sozinho. Ele não apenas criou o caráter distinto de seu whiskey, mas também criou a imagem de um destilador elegante. No dia do seu aniversário de vinte e um anos, deixou a cidade numa viagem misteriosa, para voltar após três dias vestido com estilo. Ele parecia um dândi com uma sobrecasaca que ia até a altura dos joelhos, um colete de seda amarelo-castanho, gravata borboleta, e um belo chapéu de fazendeiro. Ninguém sabe ao certo se seu novo estilo era para disfarçar sua idade ou para aumentar a estatura deste destilador de 1.52 m de altura. De qualquer maneira, o seu estilo em roupas assim como seu gosto por um whiskey de qualidade se mantiveram inalterados pelo resto de sua vida.

Durante os anos 1880, a pequena destilaria do Mr. Jack se tornou uma das maiores no Tennessee e poderia ter se tornado ainda maior, se não por insistência própria. Ele se recusava a moer mais de 99 cestos de milho por dia para evitar que o governo mantivesse um fiscal de renda na destilaria. E assim, apenas oito barris de whiskey gotejava do alambique por dia. Em 1887, o sobrinho de 17 anos, Lem Motlow, veio trabalhar para seu tio. Lem herdaria a destilaria, mas não a insistência de seu tio em manter os agentes do governo à distância. A destilaria cresceria além dos 99 cestos, satisfazendo o aumento da sede pelo seu whiskey.

Jack Daniel era como que um defensor da qualidade. Conta-se que, em várias ocasiões, ele botou fazenderos com suas carroças puxadas a mula, ainda carregadas de milho ou cevada, para correr, se o grão não era de boa qualidade. E, se tinha algo em que ele prestava atenção particular, era com a sua receita. Desde cedo, sabia que tinha algo especial nas mãos, e não deixava ninguém brincar com ela.

O desejo de Jack Daniel tem sido respeitado, ao ponto de seus herdeiros continuarem a produzir o whiskey exatamente de acordo com a receita e os padrões estabelecidos em 1866.


O Jack Daniel´s - No 7 não é Bourbon, é Tennessee Whiskey

O processo de fabricação do Jack Daniel's é bem parecido com o de Bourbon. Mas o exclusivo processo de abrandamento com carvão faz uma grande diferença, e o Governo dos Estados Unidos concorda. Esta é a razão pela qual eles colocaram o Jack Daniel's em uma categoria especial: Tennessee Whiskey, diferente de Bourbon, Canadense, Whiskey de Centeio e outros.

É durante o processo de abrandamento que o Jack Daniel's torna-se diferente, entrando numa categoria única. O abrandamento com carvão é a arte de suavizar o whiskey recém destilado através do carvão especialmente preparado. É um processo lento e moroso. Os enormes tanques de abrandamento são preenchidos e compactados com carvão moído fabricado no próprio terreno da destilaria. O whiskey, com um teor alcoólico de 70°, é passado muito lentamente, gota a gota, por 3,30 metros de carvão. O abrandamento remove os óleos desagradáveis que estão sempre presentes no álcool de grãos. A única maneira de saber quando o carvão precisa ser substituído é pelo gosto.

Pode-se imaginar que o abrandamento com carvão é "uma bênção a mais" e é o que dá ao whiskey uma vantagem adicional no longo caminho para se tornar o whiskey Jack Daniel's, redondo e suave. Leva mais ou menos 12 dias para o whiskey abrandar através do carvão, mas a transformação que ocorre no whiskey vale o esforço e o tempo…

Depois do abrandamento com carvão, o teor do whiskey é reduzido para 55 ° e depois colocado em barris novos de carvalho para envelhecimento. Os barris são empilhados em vários andares em galpões de barris espalhados pelo vale.

O passar das estações causa mudanças nas temperaturas, os barris expandem e contraem forçando o whiskey para dentro e para fora da madeira. É desta forma que o Jack Daniel's obtém sua cor âmbar. Os degustadores determinam quando o whiskey atingiu sua maturidade e está pronto para ser engarrafado.

Bem antes do whiskey ser envasado nos barris, a sua personalidade já foi decidida. O processo de abrandamento com carvão lhe dá o sabor e características suaves do antigo Tennessee Whiskey.

Talvez você esteja tomando Jack Daniel’s há muito tempo e saiba curtir isto muito bem. De qualquer maneira é tudo uma questão de paladar.

Algumas ideias da LYNNE TOLLEY, a sobrinha-bisneta do Jack Daniel, sobre como tomar o Jack Daniel's:

"Beba-o com um amigo ou uma amiga. Bom whiskey torna uma boa conversa ainda melhor."

"Sinta o bouquet. Antes de tomar um gole, aprecie o aroma. Gire o whiskey no copo por alguns segundos e depois respire a fina fragrância. Em Lynchburg chamam isto de "nosing". Não importa como você chame, é uma ótima maneira de fazer uma boa garrafa de whiskey ir mais longe."

"Finalmente, chegou a hora de provar. Tome um gole e mexa-o por todos os cantos de sua boca. Sentir o whiskey em sua boca é uma parte do prazer de beber. Você pode tentar dar um nome a este gosto. Descreva-o para o amigo ou amiga com quem estiver bebendo (que é uma ótima maneira de manter a conversa depois de ter esgotado os comentários sobre o tempo). Muita gente utiliza a palavra "suave" para descrever a personalidade do nosso whiskey. A suavidade vem do nosso processo cuidadoso de abrandamento com carvão aperfeiçoado pelo Mr. Jack, lá nos idos de 1866. Dá pra sentir o gosto do carvalho chamuscado dos barris de Jack Daniel's?"

"Vá com calma e aproveite a experiência. Prolongue, demore. Deixe cada gole ter vida própria. Cada sabor é na realidade vários sabores. Descubra cada sabor em sua boca. Há uma explosão de sabor logo no começo ou demora a ser percebido?"

"Os provadores de whiskey aqui no vale não podem engoli-lo quando estão testando o whiskey. Eles têm que cuspi-lo para evitar que isto interfira no seu paladar quando forem provar outros lotes. Se eles acabam engolindo, nós os mandamos para casa. Apesar de alguns argumentarem que não estão engolindo, mas simplesmente cuspindo para dentro. Mas você pode engolir. E quando engolir, pergunte a si mesmo como é que o sabor se desenvolve. Tem um gosto diferente quando passa por sua língua?"

"O whiskey pode ter acabado mas o sabor continua. Como é este sabor? Aqui no Vale o nosso bom amigo Herb Fanning costumava dizer que o nosso whiskey tem uma "despedida agradável"."

"Esqueça tudo e simplesmente aproveite. Você não precisa se preocupar com todas estas "regras", simplesmente curta o Jack do seu jeito! Hoje em dia o pessoal transformou tudo em trabalho. Até mesmo o descanso. Mas não em Lynchburg. Nós sabemos como relaxar. Não é que temos medo de trabalhar duro, mas conseguimos deitar ao lado de Jack e cair no sono sem dor na consciência."


Fonte: Jack Daniel's Co.

(RT, 16/12/2003)


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Direção e Editoria
Irene Serra